domingo, 13 de março de 2016

MANUSCRITO DE VOYNICH: Traz ilustrações e palavras que até hoje não foram compreendidas.




Um livro escrito em um idioma que não existe e ilustrado com plantas e criaturas nunca vistas é um dos grandes mistérios da Biblioteca Beinecke de Manuscritos e Livros Raros da Universidade de Yale, nos Estados Unidos.
O livro é conhecido como Manuscrito de Voynich, uma homenagem ao polonês naturalizado britânico Wilfrid Voynich, comerciante de livros usados que teria descoberto o misterioso livro na Itália, em 1912.
Desde então, o texto se transformou em obsessão para vários especialistas e gerou muitas teorias, algumas científicas e outras mais absurdas.
"Minha favorita é a que fala que [o livro] é um diário ilustrado de um adolescente extraterrestre que o esqueceu na Terra antes de partir", disse em tom de piada o curador da Biblioteca Beinecke, Ray Clements.
O manuscrito é, na verdade, um livro pequeno, do tamanho de uma das reedições de clássicos da literatura que geralmente são impressos pela editora Penguin. A capa é frágil, feita de couro desbotado, da cor de marfim desgastado.
Ao todo são 240 páginas ilustradas. Os desenhos parecem coisas descritas em visões alucinógenas, plantas estranhas, símbolos astrológicos, criaturas em forma de medusas e o que parece ser uma lagosta. Em uma das imagens, pode-se ver um grupo de mulheres nuas de pele muito pálida que deslizam pelo que parece ser um toboágua.
O texto está escrito com tinta cor marrom e lembra descrições do idioma dos elfos, criação do escritor inglês J.R.R. Tolkien, autor de livros como "O hobbit" e "O senhor dos anéis".
Fuga para a Inglaterra
Wilfrid Voynich nasceu em 1865 e vivia na Lituânia, território que, na época, pertencia ao Império Russo. Ele foi preso e enviado à Sibéria por exercer atividades consideradas revolucionárias.
Voynich conseguiu escapar da Sibéria através da Manchúria e fugiu para a Inglaterra. Em Londres, estabeleceu uma livraria especializada em textos de segunda mão, que acabou se convertendo em um centro onde se reuniam exilados políticos que viviam na capital britânica. O local atraía, inclusive, nomes como o filósofo alemão Karl Marx.
Voynich afirmava que havia encontrado o manuscrito em um seminário jesuíta chamado Villa Madragone, nos arredores de Roma. Ao documento, estava anexado o que parecia ser uma carta escrita em 1665 pelo físico Johannes Marcus Marci, do Sacro Império Romano.
A carta dizia que o livro chegou a pertencer ao imperador Rodolfo 2°, do Sacro Império Romano (1576-1612), e que provavelmente seria obra do alquimista inglês Roger Bacon.
Outros dois possíveis autores que estariam envolvidos com o manuscrito indecifrável seriam John Dee, mago e astrólogo da rainha Elizabeth 1ª, e um dos seguidores dele, Eward Kelley.
Voynich se referiu ao livro como "o manuscrito com a mensagem codificada de Roger Bacon".
Atração
Desde então, o documento se transformou em um imã de mentes brilhantes. O americano William Friedman, um dos grandes criptógrafos do século 20, responsável pela criação da Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês) – instituição que recentemente teve grande destaque no mundo após denúncias de espionagem feitas pelo ex-consultor Edward Snowden – passou 30 anos de sua vida tentando decifrar o código do manuscrito.
E as novas teorias sobre o misterioso livro se multiplicam. Um botânico aposentado dos Estados Unidos disse recentemente que algumas das plantas eram originárias da América Central. Já um especialista britânico garantiu que, depois de aplicar seus conhecimentos em linguística, conseguiu traduzir dez palavras.
Falsificação
No entanto, é possível que o próprio Wilfrid Voynich tenha falsificado o livro. Um dos artifícios mais comuns na história da falsificação é o de um comerciante de obras raras que "descobre" um manuscrito desconhecido.
Voynich é conhecido por ter esse "toque mágico". Afirma-se que ele teria adquirido uma grande quantidade de pergaminhos e aplicado seu conhecimento de química, obtido na Universidade de Moscou, para produzir tintas com pigmentos parecidos com os usados na Idade Média.
É possível que, ao ter falsificado o documento, Voynich fez o que muitos falsificadores já tinham realizado: criou um segundo texto para validar o primeiro e dar a ele uma origem plausível. Mas, até que sejam concluídos os exames das tintas e dos pigmentos do manuscrito, o livro continuará seduzindo atuais e futuros "voynicologistas". Até agora, só se conseguiu determinar que o couro data do século 15.

Fonte: BBC

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